domingo, 22 de maio de 2011

Resenha Crítca Sobre A Eclesiologia Paulina : Igreja Como “ Corpo de Cristo ”

Resenha Crítca Sobre A Eclesiologia Paulina : Igreja Como “ Corpo de Cristo ”


        Dois componentes que concorrem para a noção de corpo de Cristo baseados nos textos de I Cor. 10:16s e I Cor. 12: 12 – 26 , que são : a idéia da participação sacramental no corpo de Cristo e a idéia do organismo , no qual os membros cooperam.
        Baseado em I Cor. 10: 14 – 30 , o apóstolo Paulo argumenta que toda ceia cultual coloca os participantes numa comunhão compromissiva – no caso das divindades pagãs, a comunhão com os poderes demoníacos que se ocultam atrás destas, assim como a Ceia do Senhor coloca os membros em comunhão compromissiva.
        Para Paulo , o conceito “ corpo” está ligado à idéia do organismo , pois , como mostra a contraposição “ os muitos ” , ou “ todos ” – “ um único pão ” ou “ um só corpo ” , pretende dizer que os crentes são ligados numa nova unidade pela dádiva do sacramento. Portanto aqui o “corpo” representa a unidade funcional do organismo.
        Em I Cor. 10 : 17 Paulo não pensa na integração dos gentios no povo de Deus , mas na junção de indivíduos separados uns do outro em um contexto de vida organicamente estruturada , em um corpo. Daí resulta forçosamente que ele pense em primeiro lugar na reunião local dos cristãos e não por exemplo, na categoria ideal de uma igreja global . A razão pela qual a comunidade local é corpo de Cristo é que na ceia, ela obtém participação no corpo de Cristo.
        Em I Cor. 10 : 16s Paulo define koinonia como comunhão que surge e é determinada permanentemente pela participação comum em algo. Ocorre, porém, que o único pão é o pão da Ceia do Senhor, no qual Cristo compartilha a si mesmo e o resultado com sua atuação. Assim , ele representa igualmente a singularidade de Cristo (cf. I Cor. 8: 6), bem como a sua função criadora de unidade.
        Em Corinto , seguindo o costume protocristão geral , a Ceia do Senhor era realizada no contexto de uma refeição. Se a comunidade tolera a divisão social em vista da Ceia do Senhor , ela recebe o sacramento inadequadamente e comete uma falta contra o corpo e sangue do Senhor , pois ignora que a dádiva do sacramento necessariamente tem conseqüências no âmbito social , sim, que através dela surge uma nova realidade social , a saber , o “ corpo de Cristo ” .
        Para Paulo só se pode determinar o lugar de cada cristão na relação deste com a comunidade, por meio de seu significado como um todo . A igreja é o âmbito histórico em que através do Espírito, a ação salvífica de Deus em Cristo tem efeito renovador e unificador ( cf. Gál. 3 : 27s) . Fenômenos pneumáticos que possam ocorrer com alguns membros da comunidade não são fins em si mesmos , mas carismas , isto é , quinhões graciosamente concedidos por Deus , na plenitude do Espírito presenteando a igreja como um todo ( I Cor. 12 : 11). Por esta razão, eles não devem ser considerados isoladamente conforme a impressão exterior nem conforme o grau com que neles parece manifestar-se algo sobrenatural .
        Em I Cor. 12 , serve para ampliar a noção obtida daquela perspectiva que o “estar em Cristo” é uma realidade física histórica, cunhada pela auto-entrega física de Jesus em favor de outros.
O batismo inicia na comunhão à mesa do Senhor . A Ceia do Senhor , por sua vez , é a ceia dos batizados , pela qual a dádiva da salvação recebida no batismo sempre volta a ser atualizada.
 Primeiramente fiquei com uma dúvida, quando o autor fala sobre o compromisso firmado na comunhão da mesa com as divindades pagãs , pois , o autor sugere que elas não existem por trás , mas não explica porque elas não existem. A meu ver, se elas não existem , o argumento do Apóstolo perde um pouco do seu sentido, pois ele fala da mesa dos demônios e do cálice dos demônios . Para mim este ponto não ficou claro.
         Um outro ponto que me chamou atenção foi a separação social ocorrida entre ricos e pobres por ocasião da Ceia do Senhor servida como refeição. Realmente com esta atitude os cristãos estariam perdendo o sentido da unidade , uma nova comunidade , o Corpo de Cristo. Inclusive acredito que muitas atitudes cristãs hoje tem perdido o seu significado ficando apenas o cerimonial e o simbolismo destituído de sentido piedoso. Por fim, quando o Apóstolo fala sobre as manifestações do Espírito, elas só deveriam ter significado quando exercidas no contexto de ser corpo. Isso impediria a individualidade dos dons, em função de si mesmos e não em favor de outros, à semelhança da entrega de Jesus e que dá significado a Ceia.
         É fundamental entendermos isso no Cristianismo hoje, para que ele não seja vivido de forma egocêntrica, portanto, precisamos resgatar o sentido de Corpo de Cristo, não somente nos momentos do sacramento, mas também como comunidade que vive além de quatro paredes.  
        O autor descreve com propriedade sobre o tema proposto e nos traz idéias para estendermos novas discussões nessa área. Para mim ele atingiu favoravelmente as expectativas .        
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