Esta análise passava de um lado pela Instituição Eclesiástica e a vida cristã do povo por outro.
Na Perspectiva Da Instituição Eclesiástica
O Episcopado – Restringiu a liberdade da Igreja, tornando-se na época inadequado e inoperante.
O Clero – Dupla configuração: alto clero e baixo clero. As atividades do baixo clero, instituiu a sacramentalização, o que foi fundamental, pois, representava ganhos financeiros, ao passo que a catequização e doutrinação não traziam dividendos financeiros.
O Templo – A distribuição dos lugares para as pessoas revela discriminação : os clérigos tem recinto separado, as mulheres ocupam o centro do templo, num nível mais baixo, onde devem permanecer agachadas ou ajoelhadas, “os homens bons” ou livres permanecem nas laterais, num plano mais elevado – símbolo de sua posição em relação aos clérigos, mulheres e escravos, em geral, em pé, ocupam os espaços em torno da porta , “espiando os santos”.
A Missa
Segundo os documentos dos Jesuítas principalmente, o espírito da missa era celebrativo e alegre. Após as Constituições de 1707 desaparece a espontaneidade e introduz-se o espírito disciplinador e formal da missa. A missa é compreendida como sacrifício, entendido de forma mística , nada tendo a ver com o preço de sangue pago no sacrifício de Cristo.
A pregação era abstrata e afastada da realidade dos oprimidos. A missão passou a ser fonte de renda dos sacerdotes , em especial mandar rezar missas pelos mortos. Com isso, o povo criou seus próprios meios de devoção: santos e padroeiros.
O Batismo
O batismo era o meio de integrar o indígena e o africano ao sistema colonial reduzindo-o a escravo.
A Confissão
Por não se incluir a escravidão como tema da confissão. A mesma tornou-se domesticada, sendo obrigatória, individualizada e espiritual.
Casamento
Em resumo, casamentos, poligamia, a moral, etc eram regulados de acordo com a mão de obra.
Teologia
Na história da Igreja no Brasil, fala-se de duas teologias: uma de caráter profético- procurando revelar Deus na face do “outro”(africano ou indígena). A outra doutrina, oficial se caracterizava por tranqüilizar as consciências. Tinha por objetivo legitimar a colonização sob manto da tarefa evangelizadora, a escravidão sob manto da catequização. Jesus é o branco dos brancos. O sofrimento de Cristo é apresentado como o herói e não de um pobre. Jesus também é o aristocrata . Ele encena a dor, mas não se solidariza com a dor dos escravos da senzala.
Vale a pena destacar alguns pontos aqui:
- Durante um tempo a pregação era abstrata, a Bíblia diz que não havendo profecia , o povo se corrompe, até hoje é assim, a desnutrição nos púlpitos tem causado a fome de novidades e a criação do que não é bíblico.
- Na questão de confissão usa-se a espiritualidade como desculpas para não se tratar de problemas sociais como a escravidão. Podemos dizer que hoje vivemos um Evangelho sem muito compromisso social , sendo que hoje ninguém precisa confessar por que os pecados não nos são ocultos , nesse ponto estão mais na omissão dos líderes, escravos do medo de fazer diferença.
- Por último, falando sobre a Teologia, especificamente da que serve para tranqüilizar consciências, posso afirmar,serve no máximo para amenizar, pois é impossível que qualquer sacerdote da époça teria sua consciência tranqüilizada por Deus, pois a Teologia nesse caso nunca nasceu no que Deus falou, nem no que Ele queria dizer, mas no interesse dos poderosos que só aguçou em Deus o desejo de não tranqüiliza-los no decorrer da história da Igreja até que a própria história da Igreja fosse mudada..
Nenhum comentário:
Postar um comentário