domingo, 22 de maio de 2011

As Crianças Estão Aí: Onde Está O Reino?

As Crianças Estão Aí: Onde Está O Reino?


        As crianças não contam a sua história; nem como bebês são capazes de captar a própria imagem. A criança sempre foi vista como frágil, dependente de cuidados ou quando vista como potente, logo se torna alvo de preocupações, talvez, perigosas. Ultimamente, tem se feito esforços para, entender a criança como, um ser que tem linguagem própria, cultura e estética diferenciada. O infantil, é entendido como a primeira fase da educação básica e dever do Estado. Pode-se falar em infância plural, pois, mesmo considerando a criança como um universo constante e característico de todas as sociedades, ainda diferenciam-se nos seus contextos, por fatores, como gênero, etnia, religião, entre outros. Para se entender a criança, é necessário, deixar de ser adulto, para adentrar em seu mundo, compreender a suas visão, os seus valores, etc.
        O historiador francês, Philippe Áries, mostrou em sua obra, “Histórico Social Da Infantil E Da Família, publicada em 1960, que a Europa até o Século XII, tinha uma ausência do sentimento de infância, por não ter sido reproduzido na arte medieval, a figura da criança. Somente no Século XVIII, na Europa, a criança ocupa um lugar central na família.
        No Brasil, foi diferente, com a abolição da escravatura, a urbanização e o crescimento industrial, que levou as mulheres para o mercado de trabalho, passando-se a pensar seriamente em instituições que cuidasse das crianças. Desde os jardins da infância até as creches, a preocupação era, o que fazer com os pequenos?
        Segundo Rousseau, a infância é o mundo não corrompido, possuidor de uma natureza boa e inocente. Sarmento afirma, que a criança é capaz de interpretar o mundo do adulto, a seu modo, onde as brincadeiras e os desenhos, são os objetos de transformação e relação com o mundo.
        A realidade da criança, no entanto, não é somente inspiradora; estima-se que há cerca de 250 milhões de crianças, envolvidas em trabalho infantil, em todo mundo. Segundo Shwartzman, o trabalho infantil, está associado a situação de pobreza, das famílias. Em tribos indígenas, porém, o trabalho infantil está ligado a troca de experiências, entre os membros do grupo. No capitalismo, o trabalho infantil, tem se configurado pela exploração e perversos efeitos trazidos sobre crianças e adolescentes.
        Hoje, em pleno século XXI, convivemos com denúncias, de exploração sexual, casos de pedofilia e maus tratos na família. Como lidar com todos estes problemas? Como preservar nossos filhos e netos, dos malefícios de nossa geração?
        Jesus já se antecipava à sociologia, à pedagogia e à psicologia, ao ver as crianças como um ser diferente do adulto, e via as crianças da perspectiva dela. “Trouxeram-lhe, então, algumas crianças; para que lhes impusessem as mãos e orasse; mas os discípulos as repreendiam. Jesus, porém, disse: deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus”, Mateus 19: 13,14. 
        Jesus englobou, a visão de Rousseau e Sarmento, mostrando que a criança é espontânea. Ao mesmo tempo, que procurava mostrar para a criança, que Deus não é inacessível. Desejava mostrar naquela situação, que para as crianças parecia mais, uma brincadeira de correr atrás de Deus, existiam homens, sempre homens! Às vezes, intransigentes!
        A cultura judaica, também, sempre deu um lugar especial as crianças, e em relatos do Antigo Testamento, a criança deveria ser ensinada desde tenra idade nos caminhos do Senhor! “Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te”. Deuteronômio 6: 6,7. Ensinar os preceitos de Deus, num mundo, que tira a inocência de nossos pequeninos, num país sem censura, onde a televisão e a internet tem sido as babás eletrônicas. Sentimos falta de nossos filhos brincando de carrinhos e bonecas, pois, isto já não faz parte do universo adulto de nossas crianças.
        É bem verdade, que não podemos, criar o céu que sonhamos para nossas próximas gerações, mas, nos recusamos a aceitar viver o inferno, de um mundo de crimes como a pedofilia, os maus tratos e a prostituição infantil. Temos vários mundos, formado para as nossas crianças: o mundo da fantasia; dos sonhos destruídos; das famílias desestruturadas; das crianças sem pais; das crianças lesadas em sua inocência; e muitos outros mundos. O universo da criança, vai ser sempre o mesmo, da sinceridade, de uma vida sem máscaras; o mundo da criatividade sem perversas motivações. O que precisa ser diferente, é o mundo da criança ser tocado pelo Reino de Deus, os valores do Reino, o Senhor do Reino! O Reino de Deus, nasce simples como uma criança, cresce com a naturalidade do desenvolvimento de uma gestação e se torna adulto, sem macular a criança. A minha pergunta é: as crianças estão aí: onde, então, está o Reino? Que Deus nos abençoe!             

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